quarta-feira, 16 de outubro de 2013

SEMIÓTICA

                                                    Mário Peixoto - 1931 - Limite






Aos poucos eu olho a manhã
Com o canto do olho
esquerdo
         o direito mantenho
                               fechado

E o dia segue estreito/abstrato
tapa-olho, meia visão

De noite retiro os dois olhos
e os ponho num copo

E enxergo toda a escuridão.





sexta-feira, 4 de outubro de 2013

O HOMEM DE PAPEL





Então acaba-se assim um homem
Num segundo - e já não existe mais.
O que fez; o que não fez - a tarde
O que faria; o que desejaria ainda.

Ponto final. Vira-se a página.

O homem é passado. Passou.

Recorte de recortes.

O livro fechado. Esquecido.

Mera ilusão. A noite
Empoeirada em estantes.
As revoltas (reviravoltas),
o sofrimento, a chama.

Sequer o adeus reservado.

Apaga-se.