segunda-feira, 28 de dezembro de 2015
quarta-feira, 23 de dezembro de 2015
terça-feira, 22 de dezembro de 2015
segunda-feira, 14 de dezembro de 2015
sexta-feira, 13 de novembro de 2015
ASTORVISCO
poetas, entendam:
a flor respinga sangue,
a terra cavada
jorra o desatado rio vermelho
do que escorre,
escorreu,
tem escorrido
as palavras tão rubras
traduzem o espelho frio
com seu eixo/ reflexo disforme/ torto
em que já não nos enxergamos mais.
terça-feira, 3 de novembro de 2015
INTROSPECÇÃO
Para dentro
o mundo gira
ao avesso
descarnadas
camadas
sem eixo
mudo/ medo
o silêncio estreita
em seu grito
contrário desfecho.
sábado, 31 de outubro de 2015
DE VIME & METAL
Reacendo as noites invisíveis
e os passos
na escada - entre as luas
de vime & metal
Com gosto de escombros
remonto o quebra-cabeça
de nossa concreta ilusão
que escorre entre imperfeitas
avenidas
setas, sinais
de nossas veias congestionadas.
quarta-feira, 28 de outubro de 2015
terça-feira, 27 de outubro de 2015
BUCÓLICAS
ao abrir a janela
uma manhã de chumbo
beijou-lhe a face
o gosto de fuligem
permance intacto
nos lábios cinzas.
SÃO PAULO IV
São Paulo escurece. E tudo
ainda inventa-se claro, nítido.
Letreiros atônitos piscam incessantes/
pulsam
Como automóveis anônimos que avermelham
longas avenidas em suas distâncias
oblíquas, marginais,
setas para o sem-fim.
Olhares são vitrines pedintes.
Corpos estendem-se esculpidos na modernidade
de Brecheret
frações cifradas de uma mais-valia
plástica/ artífices impressos
Corrosiva ilusão
...............................................................................
São Paulo amanhece. E tudo
ainda inventa-se escuro, sombriamente
apagado.
sábado, 24 de outubro de 2015
segunda-feira, 12 de outubro de 2015
1937
Sob uma incerta crueza, dorme-se ao relento,
escondem-se os espelhos cortados sob o
travesseiro de penas de galinha. Adornam-se
os ódios ressurgidos na ponta da língua, entre
grades de um ferro carcomido, enferrujado.
Presta-se continência às trágicas sombras
infiltradas que transpassam o vidro escuro-
estilhaçado-embaçado na ampla fuligem
imemorial que nos amortece.
Uma linda garota de olhos azuis bebe todo
o veneno para ratos.
Por um punhado de sobras, restos de janta
atirados no lixo, delata-se ao novo órgão
repressor.
Na chuva, os homens se mostram em suas
certezas, contraditórias asperezas vãs.
Demarcadas pegadas nas poças de lama.
sábado, 10 de outubro de 2015
1910
5 tiros de chumbo disparados
para a Lua
O gosto metálico cinza de fuligem
e pontiagudas arestas invertidas
Escombros/ restos de uma manhã
covarde
Os gritos expostos na paisagem aprisionada
- enquadrada janela em estilhaços
Um terço caído no chão
trêmulas mãos monitoradas
Mulheres com seus longos vestidos negros
habitam praças, leitos de rio, pátios desgrenhados
e dão sua canção de ninar
ao vento.
sexta-feira, 9 de outubro de 2015
quarta-feira, 7 de outubro de 2015
1918
roupas estendidas no varal
lavadas de orvalho
respingam sangue e sangue
amarrotadas
de mortes e mortes
que se secam no curtume.
domingo, 27 de setembro de 2015
1915
desconheço cada resistência/ os golpes em vão
o grito amargo dos cavalos ao meio-dia
a impressão inexata do que é cáustico
louco
a inexpressiva exatidão do que é risco
sombra/ espasmo
livre ressonância do espelho fragmentado
opressivo/ esfacelado
mil cacos pontiagudos na face do nada
na face do nada
e em frente ao rever os cavalos & seus gritos
o meio-dia fragmentado exposto cru entrelaçado
corte recorte sombras opressivas
gritos despojados em arestas.
sexta-feira, 25 de setembro de 2015
quarta-feira, 23 de setembro de 2015
GERMINA
Alguns poemas de minha autoria
publicados na ótima revista literária
Germina:
http://www.germinaliteratura.com.br/2015/leandro_rodrigues.htm
terça-feira, 15 de setembro de 2015
PAISAGEM
a paisagem envelhece
como fio tenso de metal
como beco escuro
em que o cão anoitece
e aguarda imóvel
a hora turva
a paisagem envelhece
nos jardins decrépitos
entre as pedras dos murais
entorno à fonte seca
em que molhas sombras, sol
e envelhece
entre os corpos rachados
pelas poeiras do sótão
a geometria avessa - intacta
- solidão ocasional
feito fuligem e sangue
a paisagem envelhece
SÃO PAULO VII
Entre estreitas intenções - estáticas
a porta
semicerrada
a dor imóvel / inútil
o corpo paralisado
ar suspenso
..........................................................
A cidade em seus trilhos
é composta de mordentes precisos
golpes frios de martelo
práticos
nas primeiras horas da manhã
ríspidos
ao meio-dia
metódicos
com o pôr-do-sol
..............................................................
A cidade consome seu impacto, voraz
mastiga com seus dentes intrínsecos
deglute seus versos
intrincados
encravados
escravizados
regurgita fuligens e metáforas,
adorna sombras imperfeitas/
chuvas ácidas
e expele seus dejetos - esgotos
(des) gostos cifrões parábolas parafernálias
rudes antenas servís palavras podres/
torpes antíteses
anônima agonia
D E S C O N S T R U Ç Ã O
e re-con-some-se em seu ciclo
infinito
segue
reciclado sangue
em círculo.
EM BRANCO
Preencho cada vazio
com um verso
a folha em branco
seus riscos
assim
rabisco
uma folha em branco
cada verso
em seu vazio.
quarta-feira, 9 de setembro de 2015
O POLÍTICO
O homem atrás da noite
é solícito, cheio de "boas intenções",
faz leis às escondidas -
ajeita-se em seu paletó,
afrouxa a gravata
e enforca
uma população inteira.
segunda-feira, 7 de setembro de 2015
EXPERIMENTOS
Experimento o gosto
amargo do poema
e ele traz todos os
mortos que atravessam
nosso tempo -
suas vísceras, misérias,
esta agonia.
seus resíduos, nosso ódio
liberdades, tragédia
- cadáveres expostos.
................................
E o pássaro com suas asas
para dentro
Voa cético por sobre
ondas de chumbo
e fuligens diversas
.................................
Este rio podre
é nossa alma corroída
à exaustão
Todas as chacinas, todos
os voos abortados
são nossos risos de sangue -
quinta-feira, 3 de setembro de 2015
PARA VOZES SONÂMBULAS
Decoro os teus riscos
no grito da escuridão
silenciosa
- meu canto vazio
Esta solitária observação
dos astros
muda tragédia em cada
passo.
terça-feira, 1 de setembro de 2015
EXPERIMENTO
Experimental
é experimentar o gosto do poema
com seu ocre deleite de cicuta
e chumbo/ ácido
a escorrer pelo canto da boca.
sábado, 22 de agosto de 2015
MEMÓRIA DISSOLUTA
Leio um livro de trás para frente
Faço desenhos de cabeça para baixo
O relógio na parede de casa
gira os seus ponteiros ao contrário
Em meu globo terrestre o hemisfério sul
está acima do norte
E quando me induzem ao acerto
Faço questão de errar, propositadamente
Com deselegância e desapreço.
O MEIO
meio termo, meias palavras,
meio medo, meio sorriso,
meio espanto, meio receio...
Uma vida inteira
enfiada no meio.
sexta-feira, 21 de agosto de 2015
PLANÍCIES
as cores da televisão
adornam a sala
a tela plana
o olhar plano
uma existência plana
- intáctil escuridão.
segunda-feira, 17 de agosto de 2015
terça-feira, 11 de agosto de 2015
domingo, 9 de agosto de 2015
sábado, 8 de agosto de 2015
SÃO PAULO XXVIII
entre ruas mortas
tortas
sombras esquálidas
revestidas de fuligem
entre corpos entorpecidos
o cinza
estátuas que se movem
à beira de um esgoto
que toma toda cidade
o gosto de chumbo
está em tudo, em todos
em cada mórbida expressão
em cada palavra ausente
cáustico silêncio
e no lixo que se sobrepõe
horizonte enlameado
frutas podres que bóiam
catadas por mãos
ainda mais cinzas vorazes.
quinta-feira, 30 de julho de 2015
sexta-feira, 24 de julho de 2015
MALLAMARGENS
Alguns poemas selecionados e publicados na ótima Revista
de Poesia Mallamargens, sob o título:
O voo, o corte e o olhar na poesia de Leandro Rodrigues.
Grato a todos de MALLAMARGENS:
1. Das Origens
2. Poda
3. Afiações Da Lâmina
4. Semiótica
5. Sufocado
Segue o link abaixo:
http://www.mallarmargens.com/2015/07/o-voo-o-corte-e-o-olhar-nos-poemas-de.html
quinta-feira, 23 de julho de 2015
ASTRACÃ
O Estrangeiro (1967) de Luchino Visconti, baseado na obra de Albet Camus
I
É estrangeiro
o olhar
aqui ou em
qualquer lugar
E se perde sem
bússolas
por ruas estreitas
disformes
desprendidas teias
Naquele beco,
naquela conversão
à beira do nada
desvio
a decomposição
da palavra
E o corpo
- estrangeiro em essên-
cia -
traça suas tortas linhas
assimétricas
antirreflexo
estruturas desiguais.
II
É estrangeiro
o mover-se
a passos largos
vielas frias
filme barroco
experimental
agonia
semi-aparente
desprezo
ou poesia.
I
É estrangeiro
o olhar
aqui ou em
qualquer lugar
E se perde sem
bússolas
por ruas estreitas
disformes
desprendidas teias
Naquele beco,
naquela conversão
à beira do nada
desvio
a decomposição
da palavra
E o corpo
- estrangeiro em essên-
cia -
traça suas tortas linhas
assimétricas
antirreflexo
estruturas desiguais.
II
É estrangeiro
o mover-se
a passos largos
vielas frias
filme barroco
experimental
agonia
semi-aparente
desprezo
ou poesia.
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