segunda-feira, 18 de dezembro de 2017
JORNAL
I
O que embrulhas
além de mentes?
peixes?
ração para cachorro?
Nas horas mortas
de um crime
de certo - estômago
Com a tipografia de sangue
editorial.
II
enquanto me calo e bebo o café,
o país é pilhado por incontáveis ladrões
eu conto as sílabas do poema na fumaça da xícara
e do silêncio
o noticiário formatado para uma plateia de cera traz inúmeros
[ interesses
rimará?
a tela, meus olhos, a carne
um poema atado
cortado no pulso
morto
como o país.
quinta-feira, 7 de dezembro de 2017
AUTOEXÍLIO
Um retrato torpe do nosso tempo
ali na parede
corroído pelas traças e pela distância
O sofá rasgado, a parede descascada
Um jardim de ervas daninhas a tomar conta
Persianas enferrujadas denunciam ainda mais
a ausência cinza de tudo
No chão a sombra desfigurada
desenha um pássaro
nosso canto em autoexílio.
ESQUADROS
Na curva dos dias
cabelos encrespados de areia e sombra
Mobilizam-se desordenados
Discorridos - progressiva ruptura
As vozes do caramanchão estendem as frestas
Espelho estilhaçado
Horas despidas
Range a teia secular - nosso grito
Molda-se amputado
Já não temos luto, nem esquadros.
GREVE
Depois da greve
Viraremos árvores
Simétricas árvores
a
b
s
o
l
u
t
a
s
nosso grito será o sol estampado nas folhas
nossas veias amplas raízes entrelaçadas
nos mortos
nossa mais rara espécie de orquídea
brotará do medo, a seiva da liberdade.
quarta-feira, 27 de setembro de 2017
Um Poeta, Um Marco, Um Livro, Um Poema
https://www.youtube.com/watch?v=IOvICPQr3OM&t=2s
O curta poético experimental realizado por Jesse Navarro sobre
os poemas:
O Marco Andante e Marco KM 16.
sábado, 19 de agosto de 2017
CINZAS
De tanta tragédia
Este cinza reveste-nos
A pele
O gosto
As palavras.
Estanco o verso na carne
Retiro
De tanto morrer
Em céu nublado
Acusam-nos
O golpe desferido
A mortalha de chumbo
A estaca de fome
A tristeza alada.
quinta-feira, 6 de julho de 2017
LITERATURABR
4 poemas do livro Aprendizagem Cinza, Ed. Patuá, 2016,
no ótimo LiteraturaBR:
http://www.literaturabr.com/2017/03/15/5330/
terça-feira, 4 de julho de 2017
O POEMA DO POETA
Um ótimo projeto O Poema do Poeta, um site dedicado
aos manuscritos de diversos excelentes autores:
https://opoemadopoeta.wordpress.com/
https://opoemadopoeta.wordpress.com/2017/06/23/leandro-rodrigues/
domingo, 2 de julho de 2017
4 Cenas Do Cão Andaluz
I
por que um cão sangrento
atravessa-nos à noite
e reduz a lua com
seu brilho no esgoto
numa parca brancura
disforme moldada
ou uivo do mau agouro
encarcerado/ sombra des-
fragmentada num osso
de nossa própria (in) existência
as vísceras repugnantes
à mostra para consumo
da matilha e suas fartas mandíbulas.
II
o ventre exaurido do parir eterno
constante:
palavras, palavras, versos
desarticulados/ disformes
e tão orgânicos.
III
costumeiramente rasgados
no cordão arrancado
com navalha fria, afiada
bem trabalhada.
IV
no rescaldo de tudo
o cão - o grito
se deita - carne viva
restos de pelagem
moldura mórbida estática
da sala de jantar imponente
com seus móveis discretamente apoiados
em calços vermelhos e
nas sombras tortas desfocadas
de todos aqueles animais mortos
da família - empalhados
o sangue que ainda respinga
pisado.
Marcadores:
APRENDIZAGEM CINZA - EDITORA PATUÁ - 2016,
InComunidade,
LITERATURABR,
MALLAMARGENS,
Revista 7 Faces,
Revista Gueto,
Zona da Palavra
REVISTA GUETO
Na revista literária luso-brasileira gueto com os poemas:
Textura, Jornal e 4 Cenas do Cão Andaluz:
https://revistagueto.com/?s=leandro+rodrigues
https://revistagueto.com/
quarta-feira, 28 de junho de 2017
ZERO UM ZERO
ruas estreitas estrangulam ossos,
sombras esquálidas disformes
q
atravessam entre os espelhos
avessos cinzas
da híbrida metrópole
de cheiro mofo
(esgoto e linguagem)
cicatrizo hipóteses multifuncionais,
corpos cibernéticos trepam exaustos
com seus gostos controlados
com seus gestos controlados
com seus vícios controlados
extintas órbitas do olhar que nunca tivemos
robótica teogonia sensorial
estendo as mãos
e elas não alcançam sequer
teus fartos seios duplos - binários.
HIPERCONEXÕES 3 (CARBONO & SILÍCIO)
Com 5 poemas no ótimo Hiperconexões 3 da Ed. Patuá:
Zero Um Zero, Paisagem Desfigurada, Homo Sapiens,
máquina máquina e Galáxias.
segunda-feira, 19 de junho de 2017
InComunidade Nº 57
Vários poemas do Aprendizagem Cinza, Ed. Patuá, 2016, foram
publicados na revista portuguesa In Comunidade em sua edição 57:
http://www.incomunidade.com/v57/art.php?art=165
ANTIFÁBULA
Cavas com as mãos úmidas
pedras do aquário
Limbos profundos onde peixes se encantam
com suas próprias sombras
Cores escorrem entre os dedos
Não verificas o precipício da tarde guardada.
RESENHA DE APRENDIZAGEM CINZA EM AMBRÓSIA
Resenha de Aprendizagem Cinza (Patuá, 2016),
por Fernando Sousa Andrade para a revista Ambrósia:
http://ambrosia.com.br/literatura/livro-aprendizagem-cinza-cinzela-poemas-na-urbe-vertical/
domingo, 12 de março de 2017
REVISTA 7 FACES Nº 13
A Revista 7 Faces faz uma justa e bela homenagem à poeta
Ana Cristina César (1952-1983). Há também uma antologia
com diversos poetas atuais. Compareço com os poemas:
Enlaces (Explicación del Golpe), 4 Cenas do Cão Andaluz,
Lindas Matrioscas Frias de Neve e Adágio de Cacaso.
Segue o link:
http://www.revistasetefaces.com/
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